Seduzir com prazer

Ao criar este blogue, a ideia foi partilhar a minha experiência adquirida ao longo de 20 anos de frequência em sites, chats e redes sociais. Teclei, conversei, conheci muitas pessoas e vivi experiências que foram a vertente prática da minha aprendizagem. A net, com a possibilidade de nos relacionarmos anonimamente, veio trazer novas formas de interagirmos uns com os outros.

O objetivo deste blog é, através da partilha, ajudar a que todos nós compreendamos melhor esta nova realidade (Para mim, com início por volta do ano 2000), e com isso estimular a reflexão de temas como o amor, o sexo e os relacionamentos em geral. Assim, publicarei algumas histórias por mim vividas, reflexões, informação que ache relevante, históricos de conversas, e algumas fotos sensuais de corpos de mulheres com quem troquei prazer e que tive o privilégio de fotografar. Todos os textos e fotos que vou publicando, não estão por ordem cronológica, e podem ter acontecido nos últimos 20 anos ou nos últimos dias. Todas as fotos e conversas publicadas, têm o consentimento dos intervenientes.

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5.10.12

IS017 Rede de Relações Livres - Entrevista

Já aqui publiquei textos acerca do movimento RLI “Rede de relações livres". É um nome e um conceito novo para uma prática que já é vivida por algumas pessoas.

Diferenciam-se dos poliamoristas (segundo eles) pelo facto de não necessitarem do amor para justificar o sexo. Esta opção de vida, é a mais livre que conheci até hoje, no que toca a relacionamentos sexuais/afetivos.

Tem-se sexo com ou sem amor, como, quando e com quem se quiser, sem nenhuma restrição moral ou social, nem limites na profundidade ou continuidade do relacionamento. Vale a pena ler e conhecer o conceito.

Este texto que aqui publico, é uma entrevista feita a um membro do movimento “Rede de relações livres”. Nesta entrevista, as respostas são bem elucidativas da forma de pensar dos seguidores deste movimento, e conseguem esclarecer todas as dúvidas acerca desta nova forma de nos relacionarmos sexual e afetivamente em total liberdade e sem a hipocrisia que existe na maior parte dos casamentos/relacionamentos, em que aparentemente são monogâmicos, mas depois têm outros relacionamentos e envolvimentos sexuais escondidos.

Independentemente de querermos ou até estarmos preparados psicologicamente para viver o sexo/afeto desta forma, é muito útil e proveitoso conhecermos outras formas de pensar e os argumentos apresentados por quem defende esta opção de vida.

Não tenho dúvidas que esta forma de nos relacionarmos uns com os outros, é a mais livre, mais justa, e seguramente a forma como nos vamos relacionar no futuro.

Há anos que vivo a minha sexualidade desta forma, em total liberdade, sem o constrangimento da mentira, com vários relacionamentos simultâneos. Uns mais duradouros e frequentes, outros mais curtos, outros longos mas de menos frequência, outros apenas de uma noite, mas sempre com muito prazer tanto na vertente sexual como emocional.

Tenho aprendido muito em relação às mulheres, e contrariamente à maior parte dos relacionamentos que acabam sempre com zangas ou mesmo de forma agressiva, sempre me dei muito bem com as minha ex’s, mantendo a amizade e o respeito mesmo depois de acabar o envolvimento sexual. Guardo boas recordações de todos os meus relacionamentos, e sou querido por todas as minhas ex-mulheres, ex-namoradas ou ex-amigas coloridas.

Aqui está mais uma prova de que se houver sinceridade e respeito mutuo, sem traições nem hipocrisias, mantem-se a amizade e as boas recordações mesmo depois de acabar o envolvimento sexual.

1. Pra vocês o que é traição?

Traição é não cumprir o que se promete, tão importante quanto isso é não prometer o que não se pode cumprir. Para nós existe traição. O que não existe é a promessa de exclusividade sexual e afetiva. A mentira é um problemão, principalmente quando se trata de pessoas que amamos. É algo que não pode ser considerado banal.


Fazemos coro com Regina Navarro Lins afirmando que variar de parceiro não quer dizer falta de amor ou infelicidade com o parceiro atual. O que você deve se perguntar é se sente-se amado e desejado em sua relação. O que seu parceiro faz quando não está com você, não deveria incomodá-lo. Se você não se sente amada/o e desejada/o, sua relação já tem um problema, e pode acabar mesmo que não haja uma terceira pessoa envolvida.


2. Vocês acreditam em fidelidade?


O termo mais apropriado para nós é "lealdade", esta é a base de uma Relação Livre. Fidelidade lembra-nos o aspecto de servidão.


3. Para vocês o que é exatamente ser “livre”?


Livre não é quem faz tudo o que quer, não há ninguém assim. Liberdade não é algo abstrato, liberdade é um processo de ruptura com uma opressão específica. Você liberta-se quando faz o que acha que deve fazer (ética), e não o que um padrão social opressor diz que você deveria ter feito. Nós nos libertamos do tabu da monogamia.


4. A final, vocês são um casal ou não?


Somos livres, não "SOMOS" um casal, mas podemos ou não "ESTAR" em casais (um, dois, três ou vários).


5. O que vocês acham do caso do Mr. Catra?


Igualdade de direitos é um valor inegociável para nós. O caso dele não tem nada a ver com o que vivemos.


6. Não é muito radical ser contra o casamento se tem pessoas que são felizes assim?


O casamento não é um casal apaixonado. O casamento monogâmico é uma instituição, uma normativa social que diz "NÃO PODERÁS TER MAIS DE UM PARCEIRO SEXUAL E/OU AFETIVO”. Somos contra esta imposição social. As pessoas podem ser felizes em pares, trios, vivendo em comunidades afetivas ou sozinha, mas sua felicidade não tem nada a ver com o contrato de exclusividade sexual do casamento.


Existirem pessoas que são casadas e felizes não invalida a nossa opinião de que o casamento não corresponde as necessidades da vida afetiva e sexual.


7. Mas aí ninguém passou dos 30 anos. Isso não seria apenas uma fase da juventude?


Na nossa rede temos pessoas com idades que superam os 60 anos. Algumas tem vida não-monogâmica desde jovens, outras com 30, 40, 50 anos, nos procuram após sucessivos casamentos frustrados. Há em nossa rede casais que mantém Relações Livres que já duram mais de 15 anos e também solteiros buscando uma primeira RLi.


8. Vocês se apaixonam?


Claro que podemos nos apaixonar, isso não é problema para nós, os monogâmicos é que tem motivos para ter medo, porque para eles a paixão está associada a perda de liberdade ou ao fim de uma outra relação consolidada. Nós nos apaixonamos e não descartamos as pessoas que já fazem parte de nossa vida por isso. Apenas não negociamos nossa liberdade individual com as pessoas com as quais já temos uma relação.


9. Qual a diferença entre um RLi e um adultero monogâmico?


Nos diferenciamos pela necessidade de romper com a hipocrisia, muito mais do que pela capacidade de ter envolvimentos múltiplos. Não sentimos culpa ao ter uma outra relação paralela, nem começamos a procurar defeitos em nossos amores antigos por causa das novas paixões, tão pouco omitimos uma relação da outra.


10. O que vocês acham do suingue?


No casamento tradicional, o homem vai prá zona de prostituição e deixa a mulher em casa. O suingue é uma inovação no casamento, independente das contradições pessoais de cada casal. É uma opção válida para quem deseja manter o casamento e torná-lo mais divertido e um pouco mais igualitário.


11. Então vocês topariam fazer um suingue?


Sexo é caso de preferência pessoal, cada RLi tem sua resposta. Mas não temos preconceito com esta prática. A questão é se eles topariam, sabendo que somos livres e não estamos restritos ao esquema de casal.


12. Vocês não tem medo de “perder” a pessoa amada?


A insegurança e o medo não ajudam a manter uma relação. Qualquer relação pode acabar e isso é inevitável. Se meu parceiro não tem mais interesse em mim, o natural é que não continuemos juntos, não podemos (ou melhor, não devemos) obrigar ninguém a manter-se em uma relação que não deseja.

"Se um dia ela não gostar mais de mim é por algo entre nós dois, não porque surgiu outra pessoa."
Um Rli não precisará escolher entre um parceiro e outro, poderá ficar com ambos, enquanto o interesse permanecer.

13. E se você perdesse ela? (pergunta feita no programa pelo Hélio de La Penã)


Qualquer pessoa sofre com o afastamento de alguém querido. Mas como amigos e parceiros, entendemos que cada indivíduo é dono de suas decisões. Como adulto e livre, respeitarei a decisão de outro adulto livre, com maturidade, mesmo que sinta falta daquela relação.


14. Então vocês fazem sexo a três?


Sexo é caso de preferência pessoal, mas não existe tabu para nós quanto a isso. Não temos uma prática sexual indicada para os Rlis. Cada um faz o que desejar.


15. Para ser um Rli é preciso ter sempre mais de um parceiro?


Não contabilizamos números de parceiros. Cada indivíduo irá se envolver com quantas pessoas desejar/puder. O cerne de nossa vida é que somos livres, e uma pessoa pode ser livre com um, dois, três... ou nenhum parceiro.


16. Você ama mais um de seus parceiros? Como os outros se sentem em relação a isso?


Não vivemos na Poligamia Oriental, onde o marido tem que dividir igualmente seu tempo, amor e dinheiro com todas as esposas. Nós somos livres para organizar nosso nível de envolvimento com cada pessoa, com formas e profundidades distintas. Não “prometemos” igualdade afetiva e sexual, porque compreendemos que as pessoas e suas necessidades são diferentes. Podemos ter grandes amores com uns, “casinhos” com outros e amizades coloridas com outros e todos convivem bem com esta “disparidade”.


17. E como fazem com o ciúme?


O ciúme é o medo de perder a pessoa amada para outra pessoa/coisa. Normalmente o ciumento preocupa-se em não dividir (em menor ou maior grau), pois o parceiro pode interessar-se por algo/alguém e não retornar mais.


Quando nos damos conta de que esta “troca” não existe, que o outro só irá terminar a relação se não houver mais interesse e que o convívio com outras pessoas inclusive melhora a relação, o ciúme entra em desuso, perde o sentido. Se eu só irei perder o parceiro quando ele não sentir interesse em mim, não tenho que preocupar-me com os outros.


O ciúme é como uma roupa que não nos serve mais. Quando temos uma peça de roupa que não nos cabe, tiramos ela de nosso armário. Não ficamos guardando coisas que não servem mais para nossa vida.”


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