Na sociedade retrógrada e hipócrita em que vivemos, especialmente no que toca ao sexo e aos relacionamentos, os preconceitos e os paradigmas instalados impedem muitas vezes as pessoas de pensarem de forma livre e racional acerca dos problemas, e dá-lhes sempre uma resolução simplista e preconceituosa, que a generalidade das pessoas aceita como certa, correta e até “normal”.
Mas uma coisa que a sociedade não diz, é que o efeito nocivo que a repressão dos desejos traz para o seio de uma relação, são muitas vezes devastadores. Muitas pessoas reprimem o desejo sexual que possam sentir por outras pessoas, pensando que estão a salvar o seu relacionamento, mas na verdade podem estar a destruí-lo.
Segundo os estudiosos da matéria, a repressão dos desejos sexuais por outras pessoas, faz com que o desejo sexual dentro da relação sofra danos muitas vezes irreparáveis. Segundo eles, desenvolve-se uma irritação e culpabilização inconsciente do outro pelo facto de ser um entrave à liberdade e à felicidade. Esse impedimento da satisfação do desejo de sexo com outras pessoas, juntamente com a deterioração da qualidade do sexo dentro da relação, acaba por minar a relação de forma irreversível.
Muitas pessoas reprimem esses desejos para poderem exigir o mesmo comportamento ao parceiro, não percebendo que mesmo que eles próprios consigam viver com essa repressão, os parceiros podem não conseguir, e aí o resultado é o mesmo.
Ao contrário, quando os elementos do casal não reprimirem o desejo do seu parceiro de poder desfrutar do prazer de se relacionar com outras pessoas, faz com que cada um dos parceiros esteja agradecido ao outro pela liberdade e o prazer que lhe é permitido ter. A cumplicidade entre o casal aumenta exponencialmente e o sexo melhora incomparavelmente, porque para além de acabarem os segredos e as mentiras, os parceiros podem partilhar os seus desejos a as suas fantasias sem qualquer tipo de inibição, e ficarem a conhecer uma faceta do parceiro que até ali era totalmente desconhecida. O swing, por exemplo, é uma prática usada por certos casais para resolver o problema do desejo sexual por outras pessoas, vivendo essa experiência em conjunto.
Como a grande percentagem do fim dos relacionamentos está diretamente ligada à desconfiança, ao ciúme, à traição, à falta de liberdade e à repressão dos desejos, eliminando estes problemas na relação, estão reunidas as condições para o aumento da durabilidade e da qualidade da relação, com a consequente segurança e felicidade que daí resultam. Como dizia uma amiga minha “eu adoro os relacionamentos liberais… duram mais que os outros”.
Resumindo…. As relações extraconjugais consentidas acabam com os problemas que normalmente ditam o fim da relação tais como a desconfiança, a insegurança, o ciúme, a repressão dos desejos, ou a traição (quando descoberta), e por outro lado, aumentam a cumplicidade, a segurança, melhoram o sexo, prolongam a durabilidade da relação, fortificam o amor e motivam a felicidade do casal, reforçando a relação.
Embora seja necessário que estas práticas sejam desejadas e consentidas pelos elementos do casal para se usufruir destas vantagens todas, o facto é que as relações extraconjugais não consentidas, também ajudam a manter um relacionamento.
Tem o risco de poder acabar com a relação se for descoberta, mas se não for descoberta ou se for perdoada, serve de válvula de escape a muitos casais, que não tendo a cumplicidade, ou o amor, ou até a amizade, ou seja lá o que for, necessários para o conseguirem fazer de forma consentida, possam ter maneira de satisfazer os seus desejos sexuais por terceiros, evitando assim a repressão sexual dos desejos, essa sim, verdadeiramente destruidora de relacionamentos que tinham tudo para dar certo.
Todos nós conhecemos casais que apesar de gostarem um do outro e de serem felizes na sua relação, precisam de viver experiências fora do relacionamento, e vivem-nas sem conhecimento do cônjuge. Esta prática, preconceituosamente conhecida por “traição” tem salvado muitos relacionamentos.
Em jeito de conclusão, acho que não devemos ser radicais nestas coisas, e se amamos alguém ou queremos manter um relacionamento que nos faz sentir bem, devemos ser sinceros, partilhar os nossos sentimentos e desejos com quem nos relacionamos, e chegar a entendimentos que satisfaçam ambas as partes. Assim, cada um dos parceiros permite ao outro ser feliz, e viver a sua vida sexual em total liberdade, contribuindo assim para fortalecimento, qualidade e durabilidade da relação.
Para quem quiser aprofundar o tema, aconselho a leitura das seguintes textos: (R016 Infidelidade e traição), (R019 Da monogamia ao poliamor), (R021 Monogamia e traição) e (R020 Uma história de amor)