Outra razão pela qual eu sempre tive essa noção muito antes da generalidade das pessoas, é que como sou um homem extremamente liberal, as pessoas têm tendência a desabafar comigo, e contar-me coisas que não ousam contar a ninguém. Sou uma espécie de confessor, ideal para quem precisa de deitar segredos cabeludos cá para fora.
Muita gente ainda não conhece bem a realidade, porque como a sociedade é muito hipócrita, toda a gente faz mas toda a gente condena e esconde. Assim parece que somos todos uns santinhos, mas a realidade é bem diferente.
Mas vamos lá ler isto que pode ser um bom tema para uns comentários engraçados, e umas confissões anónimas. Este blog tem pretendido ser (e às vezes tem conseguido) um espaço de diálogo e troca de ideias, mas poderia ser mais bem aproveitado nesse sentido. Um espaço onde homens e mulheres se pudessem conhecer melhor, trocar ideias, e perceber muita coisa que não entendemos no sexo oposto.
Infidelidade
“Homem fiel quase não existe, afirma a psicóloga francesa Maryse Vaillant no livro Les hommes, l’amour, la fidélité. A fidelidade masculina é tão rara que a mulher deveria parar de se preocupar. “O homem costuma trair também quando ama”, afirmou Vaillant à minha colega Ruth de Aquino, a diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro, em sua coluna Os homens, o amor e a fidelidade.
Eu concordo totalmente. Só acho que os homens não detêm o monopólio da infidelidade. E vou além. É verdade que, para a mulher casada (mas não para a solteira), é difícil pular o muro. É preciso administrar o affair com a rotina do trabalho, da casa, do marido e dos filhos. Mas, havendo o desejo, nada é impossível. Meu ponto é o seguinte: atingidas as condições ideais de temperatura e pressão e havendo a oportunidade, qualquer mulher será tão infiel quanto qualquer homem. Esta afirmação é lastreada em um conjunto de pesquisas sobre o resultado de testes de paternidade nos Estados Unidos e na Europa – mas também em relatos que registrei ao longo dos anos, aquelas histórias que quase todo mundo já ouviu falar – e muitos viveram – mas geralmente ninguém comenta em público, já que a hipocrisia grassa na sociedade.
Quem pula a cerca?
O melhor exemplo aqui é o de um amigo meu, o J.A.. Nos anos 1990, enquanto todos os colegas de faculdade estavam casando ou já casados, J.A. resistia. Era um solteiro convicto. E se recusava a namorar, ter compromisso, ser fiel. J.A. havia se habituado à condição ser “o outro”. Suas relações eram breves, intensas, divertidas e furtivas. Ele só se relacionava com mulheres casadas ou que tinham o mesmo namorado há anos. J.A. não tinha dificuldade em encontrá-las. Na verdade, ele já as conhecia. Eram suas amigas, amigas de anos, amigas que, eventualmente, se tornaram mais íntimas. Além da amizade prévia, havia uma constância entre as suas parceiras. Todas viviam relacionamentos frustrantes, mas ainda assim não conseguiam – ou não queriam – romper com namorados e maridos. Buscavam em J.A. o carinho que não encontravam em casa. J.A. tinha consciência que não passava de um estepe. Não se importava. Para ele, aquelas eram relações confortáveis, sem compromisso, just for fun. Inúmeras terminaram sem dor. Algumas poucas, aquelas nas quais J.A. acabou se envolvendo, acabaram mal.
Por conhecer as histórias deste amigo (e de alguns outros), achei parcial a afirmação da psicóloga francesa de que a fidelidade masculina é tão rara que a mulher deveria parar de se preocupar. É claro que não há homens fiéis! Os homens sabem disso. As mulheres, também. Mas não quer dizer que todos os homens sejam infiéis o tempo todo (meu amigo J.A., por exemplo, hoje sentou o rabo, está casado, feliz e fiel). No entanto, dada a oportunidade, qualquer homem pula a cerca. E o mesmo se aplica à mulher. Elas podem ser tão infiéis quanto qualquer homem. Os motivos para a busca de uma relação paralela é que mudam.
Homens pulam o muro à procura de sexo. Para nós, não há conflito entre a busca do sexo fora de casa e o amor que sentimos por nossas namoradas e esposas. É da natureza masculina, assim como a sedução é da natureza feminina. Ao se envolver numa relação paralela, enredando-se nas teias de sedução da amante, o infiel corre o risco de se apaixonar e acabar por abandonar a mulher. A possibilidade existe, já que, por definição, a amante quase sempre buscará deixar a condição de “outra” para assumir o controle da lojinha.
Em sua imensa maioria, mulheres infiéis buscam muito mais do que sexo numa relação extraconjugal. Sexo é importantíssimo, mas para as mulheres não é suficiente. As amantes de J.A. não haviam deixado de amar seus maridos ou namorados (ou de acreditar na ilusão do amor romântico). A mágoa acumulada e a busca de auto-estima às impeliram a procurar carinho. Queriam voltar a se sentir desejadas. Mulheres que seduzem são mais belas porque gostam mais de si mesmas.
Homens e mulheres são infiéis. A infidelidade generalizada não é uma questão de gênero, mas de espécie. Nas sociedades tribais, a poligamia é, na maioria das vezes a regra, não a exceção. O Homo sapiens é uma animal polígamo e promíscuo. Herdamos este comportamento do ancestral comum que dividimos com os chimpanzés, que são igualmente polígamos e promíscuos. No entanto, desde a constituição das primeiras cidades e civilizações, há 10 mil anos, a monogamia foi se impondo como uma condição para a vida em sociedade. O grande paradoxo reside na obrigação social, moral e legal de um animal polígamo levar uma vida monogâmica. Sob está ótica, a infidelidade da mulher e do homem é uma válvula de escape que nos reconecta às nossas origens.”
Peter Moon – edglobo.com.br
Em jeito de conclusão, gostaria de acrescentar algumas considerações a este tema.
Muita gente não acredita (principalmente os mais jovens, que são mais ingénuos e radicais nestas temáticas) que é possível um homem amar uma mulher e desejar sexualmente outras. Digo-vos que não só isso é possível, como é possível amar uma e apaixonar-se por outras. E tal como o autor diz, eu também tenho a prova que as mulheres são naturalmente infiéis, e que, tal como os homens, também conseguem amar um homem e ter sexo com outros, assim como conseguem amar um homem e apaixonar-se por outros.
Concordo em que a generalidade das mulheres procura afecto, romance, paixão e sedução, e consequentemente sentirem-se desejadas quando saltam a cerca, mas já começa a haver muita mulher que procura mesmo sexo puro e duro, e também à semelhança dos homens, procuram novidade, e satisfazer as suas fantasias sexuais que não são satisfeitas em casa.
No fundo, homens e mulheres casados ou comprometidos, têm tendência a procurar fora o que não têm dentro do relacionamento. Alguns têm amor e não têm o sexo que gostariam, outros têm sexo e não têm o amor que necessitariam. E agora perguntam vocês… e então se tiverem amor e sexo dentro do casamento porque é que saltam a cerca? E eu respondo… No caso dos homens, é a caça, a busca da novidade, do sexo puro e duro. No caso das mulheres é a busca da sedução, da paixão e do romance, que muitas vezes não existe na relação, mesmo que haja amor e sexo.
Vamos lá a ver se começamos a compreender e a aceitar estas dinâmicas que nos afectam a todos, em vez de teimarmos em seguir paradigmas completamente desajustados para os tempos de hoje. A monogamia, é uma prática antiga exigida pela sociedade, instituída por razões sociais e económicas, que hoje em dia não fazem sentido. A ideia não é sermos obrigados a foder uns com os outros (o que é uma pena… heheheh) mas que todos possamos viver a nossa sexualidade e os nossos afectos de forma livre, sem sermos discriminados por isso.