A traição é um problema recorrente nos relacionamentos. Mas a traição existe porque os elementos do casal fazem uma promessa que é muito difícil de cumprir, senão mesmo impossível. Como a promessa não tem prazo de validade, mais tarde ou mais cedo acaba por se quebrar a promessa.
No início do relacionamento as pessoas são fiéis de livre vontade, mas à medida que o relacionamento avança no tempo e se instala a monotonia na relação, os elementos do casal começam a ter necessidade de se sentirem desejados, da emoção do flirt, da novidade, da variedade, de colorir a vida tanto ao nível sexual como emocional.
Embora as pessoas tenham noção disto tudo, prometem fidelidade aos seus parceiros, não porque pensem ser fiéis (porque nesse caso não precisavam de prometer), mas por quererem exigir fidelidade aos seus parceiros. Esta promessa não é sincera na sua essência e tem como objetivo, condicionar a liberdade do parceiro.
No fundo, a traição existe porque é resultado do não cumprimento de uma promessa que à partida é feita mais para exigir fidelidade ao parceiro, do que para ser cumprida por quem promete.
A fidelidade sexual tem que ser vivida de livre vontade e nunca por imposição. Não adianta obrigarmos alguém a prometer fidelidade. Não é dessa forma que se prende uma pessoa a um relacionamento. Está provado que não resulta. Quanto mais intolerante uma pessoa se mostre ao seu parceiro em relação à infidelidade, mais probabilidade tem de ser traído sem nunca chegar a saber.
Quem é fiel, não o faz por obrigação, fá-lo por vontade própria, e nesse caso não adianta ter prometido ou não. Quem julga que acorrenta alguém através de uma promessa de fidelidade, engana-se. Ninguém consegue obrigar um parceiro a ser fiel. Pode-se dificultar a vida ao parceiro, mas se a fidelidade não for exercida de livre vontade, é impossível controlá-la.
Eu nunca prometi nem exigi fidelidade a ninguém, porque já sei que é uma promessa muito difícil de cumprir. Se não houver promessa, não há traição. Embora eu nunca tivesse exigido fidelidade a ninguém, tive mulheres que me foram fieis durante muitos anos, de livre vontade, e nunca porque tenham assinado um contrato comigo, ou sequer prometido nada.
Outra coisa que muita gente não sabe e que está provado através de estudos comportamentais, é que as infidelidades perpetuam os casamentos. Ou seja, contrariamente ao que muita gente pensa, a infidelidade em vez de estragar uma relação, pode salvá-la.
Está provado que muitos casamentos se aguentam e os cônjuges se mantêm juntos, porque ambos ou um deles é infiel, seja com conhecimento do parceiro ou não. Uma coisa é ser infiel, outra é ser apanhado a trair.
O que eu aconselho a casais que sentem a monotonia prejudicar a relação e caso não queiram ter um relacionamento assente na mentira e na hipocrisia, é que conversem abertamente acerca do tema, e que juntos encontrem uma solução para superar essa dificuldade. As soluções são várias, mas terão sempre que ser aceites, consentidas ou desejadas pelas duas partes.
A abertura e sinceridade entre os dois elementos do casal acerca das suas vontades e desejos, torna a relação mais cúmplice, mais apimentada, mais forte e mais segura.
xarmus